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Projeção Financeira não é Previsão de Futuro, é Plano de Execução

  • Foto do escritor: hdanttas
    hdanttas
  • 1 de abr.
  • 7 min de leitura

A maioria dos empreendedores que eu conheço odeia fazer projeções financeiras. Muitos acham inútil, outros falam que isso é coisa de investidor brasileiro, que investidor americano não pede, que é apenas um exercício de futurologia — e outros não têm paciência para lidar com os números.


A projeção financeira é uma das ferramentas mais importantes para um empreendedor ou gestor de empresas. É uma espécie de mapa do tesouro, um guia obrigatório para qualquer pessoa que quer abrir ou administrar um negócio. Abaixo, detalhe de como fazer.


OneSimples Consultoria de Gestão - Projeção Financeira

Conheça os tipos de projeções financeiras

De maneira geral existem três tipos diferentes de projeções financeiras, que podem atender a um ou mais objetivos da lista a cima. Elas se diferenciam em termos de detalhamento, precisão e prazo. São três peças diferentes entre si, mas que devem se conectar.


Orçamento de curto prazo – Geralmente é feito na base mensal para um prazo de 12 meses. É uma projeção muito detalhada, na qual o erro pode custar caro. Recomenda-se que se façam revisões do orçamento mensalmente. Ele pode ser usado para cumprir as seguintes funções:

  • Gerenciar o fluxo de caixa;

  • Organizar ações e distribuir recursos;

  • Monitorar métricas e o plano de execução;

  • Negociar com clientes e fornecedores;

  • Prestar contas para acionistas e colaboradores.


Projeção mensal de médio prazo – Essa é a projeção que a maioria das startups faz. Também é construída na base mensal, mas nesse caso para um período maior, de três anos. Seu principal objetivo é explicitar como a empresa vai crescer nos anos seguintes, geralmente até atingir o ponto de equilíbrio. A margem de erro desse tipo de projeção é maior do que a do orçamento de curto prazo. Quanto mais consistentes forem as validações das hipóteses, menos errado estará esse exercício. A revisão deve ter frequência semestral ou ocorrer. A frequência de revisão deve ser semestral ou toda vez que houver mudanças significativas no modelo de negócio ou em suas premissas. Suas principais funções são:


  • Validar o modelo de negócios;

  • Calcular a necessidade de capital;

  • Mostrar o racional de crescimento da empresa;

  • Validar a maturidade e a experiência da equipe;

  • Criar planos de cargos, salários e remunerações variáveis.


Projeção de longo prazo – O último exercício deve ser feito na base anual. Faça-o por um período de cinco anos. Eu sei, eu sei, isso é futurologia, mas faz parte da avaliação entender aonde o empreendedor acha que dá para chegar com aquele negócio e comparar esse cenário com o tamanho do mercado. Nesse exercício o erro é uma certeza, por isso não se deve gastar muito tempo no detalhamento dessa projeção. As revisões podem ser feitas anualmente, quando a empresa estiver diante de uma grande oportunidade estratégica ou for captar investimento. Essa projeção tem funções bem específicas:


  • Mostrar o potencial de crescimento da empresa;

  • Calcular o valuation da empresa;

  • Planejar e revisar a estratégia;

  • Analisar cenários e apoiar a tomada de decisão;

  • Negociar com investidores.

As três peças devem obedecer ao mesmo padrão e terem a mesma origem. Assim, facilita-se a sua construção e revisão.


Por onde começar?


Começar uma projeção financeira pode ser um pesadelo para muitas pessoas. Principalmente para aquelas que nunca fizeram uma. A boa notícia é que não precisamos de planilhas muito complicadas ou sermos experts em softwares como Excel para construir algo consistente. A premissa mais importante de qualquer projeção é que ela deve ser o mais simples possível, assim facilita-se a sua interpretação, apresentação e revisão. E, para facilitar ainda mais a vida de quem está iniciando essa jornada ou quer alguns insights interessantes, desenvolvi um passo a passo para ajudar no desafio.


1º passo: Definir o modelo de negócios que será projetado

Não adianta começar uma projeção financeira se você ainda não definiu como a empresa vai entregar valor e capturar a oportunidade do mercado. Uma projeção pode ajudar, e muito, um empreendedor a decidir entre um modelo de negócios e outro. Mas eles devem estar bem definidos, e as projeções, bem construídas, para a comparação fazer sentido. Portanto, se você vende software como serviço, fabrica algum produto ou equipamento, possui um comércio, ou presta algum serviço, construa seu Business Model Canvas em primeiro lugar. Muita coisa ficará clara depois disso. [Baixe a ferramenta] Business Model Canvas.


2º passo: Definir a ferramenta utilizada


3º passo: Definir a estrutura da projeção


4º passo: Listar todas as receitas e desembolsos de cada parte do modelo de negócio


5º passo: Pesquisar as premissas mais reais possíveis para cada conta da projeção


6º passo: Calcular como cada uma se comporta no prazo da projeção


7º passo: Unir as contas em uma visão integrada


8º passo: Verificar o tamanho do mercado endereçável


9º passo: Verificar o alinhamento entre a maturidade do time e o volume de investimento


10º passo: Validar os números com seus sócios e equipe

Para fechar a sua projeção, o momento mais rico e decisivo é a validação com os seus sócios e sua equipe. Você pode ter os consultado ao longo do caminho até chegar aqui, mas o ritual de apresentação e validação coletiva dos números é essencial. Organize uma agenda exclusivamente para isso, reserve um dia inteiro e revise linha a linha, conta a conta e fórmula a fórmula com seus pares. E faça isso com frequência. Você não vai se arrepender.


Tentem equilibrar agressividade e realidade, ou seja, pensem grande, mas não deem passos maiores que suas pernas. Errar muito para cima ou muito para baixo, nesses dois quesitos, pega muito mal.


A projeção do fluxo de caixa e a necessidade do investimento

É fácil imaginar que no trabalho de um gestor de fundos de venture capital uma das rotinas mais comuns seja o de analisar projeções financeiras das empresas candidatas a investimento. O que não é tão óbvio assim é o erro mais comum que encontramos nessas projeções: o cálculo da necessidade de investimento.

Continuando a sequência de passos anterior, descrevo um método simples para não errar no cálculo do fluxo de caixa e da necessidade de investimento.


11º passo: Calcular o fluxo de caixa da empresa

Depois que você fez a projeção financeira completa, checou a coerência dos números de acordo com o seu mercado-alvo e garantiu que a execução é plausível considerando a sua equipe, é a hora de calcular o fluxo de caixa. Não tem muito mistério, é só você somar todas as entradas (receitas) e subtrair todas as saídas (custos, despesas, impostos e investimentos) considerando quando esses recursos efetivamente entram ou saem do caixa da sua empresa.


No final, o perfil desse indicador deve se comportar mais ou menos como o gráfico abaixo, no começo negativo, ou seja, você gasta mais do que arrecada, e depois positivo.


12º passo: Calcular o fluxo de caixa acumulado

Em seguida, faça uma soma simples dos fluxos de caixa mensais para obter o fluxo de caixa acumulado, que deve se comportar como a curva a seguir. A linha do gráfico desce até a empresa começar a receber mais do que gasta, o conhecido ponto de equilíbrio, depois sobe até cruzar a linha do zero, onde acontece o que chamamos de payback, ou seja, a empresa recupera todo o prejuízo até aquele momento.


13º passo: Adicionar a necessidade de capital de giro

Esse talvez seja o segundo erro mais comum nas projeções que recebemos: esquecer o capital de giro. Alguns modelos de negócios são mais intensos em capital de giro que outros – quando o prazo de recebimento de clientes é muito mais alongado que o prazo de pagamento de fornecedores.


Mas, no caso mais simples, de empresas de software como serviço, o que geralmente recomendamos é adicionar no mínimo o equivalente a um mês de despesas. Isso significa dizer que, além da diferença entre as entradas e saídas, a empresa precisa de uma reserva em caixa para emergências e erros de projeção. A nova curva ficaria assim:


Existem outras formas de cálculo do capital de giro, algumas muito complexas inclusive. Recomendo que você busque um especialista no seu modelo de negócios para te ajudar nessa tarefa.


14º passo: Identificar o ponto mais negativo dessa curva

O último passo é identificar o valor mais negativo do fluxo de caixa acumulado, considerando o capital de giro. No mesmo período que ocorre o ponto de equilíbrio, a necessidade de investimento vai corresponder a pior situação do gráfico.

O valor da sua rodada de investimento, ou do financiamento que você vai pleitear, deve ser compatível com esse valor. Nem muito acima, nem muito abaixo. Vale ressaltar que, assim como toda a projeção, esse valor também deve ser compatível com a maturidade da equipe e da empresa. Busque sempre a coerência.


O clichê das projeções conservadoras

Depois que concordamos que é necessário construir uma projeção financeira e aprendemos como estruturar uma, vem a pergunta: o que apresentar para potenciais investidores? Aqui mora o perigo.


Independentemente do seu modelo de negócios, do estágio de desenvolvimento da sua empresa, da confiança que você tem nas premissas do modelo financeiro, da quantidade de cenários que você simulou, seja o que for, NUNCA apresente uma projeção na sua versão conservadora ou pessimista. Não escreva, não acredite, muito menos fale isso para alguém.


Depois de analisar algumas centenas de projeções “conservadoras” que nunca foram alcançadas, eu garanto:


CONSERVADOR AQUI É UM EUFEMISMO PARA “EU NÃO FAÇO A MENOR IDEIA DO QUE VAI ACONTECER”.

Esse é um forte sinal de que as expectativas não têm fundamento e que o empreendedor está inseguro em relação aos resultados. Tanto para cima quanto para baixo. É bom ressaltar que o desafio de uma boa consultoria é ajudar a empresa a crescer muito, muito rápido. Então eu pergunto:


POR QUE VOCÊ APRESENTARIA UMA PROJEÇÃO CONSERVADORA PARA ALGUÉM QUE QUER MULTIPLICAR EM 10 VEZES O VALOR DA SUA EMPRESA?

Quando escuto isso só vem uma coisa a minha mente: essa pessoa não acredita no cenário otimista. Portanto, em vez de usar uma falsa modéstia, apresente sempre a projeção na qual você acredita e que vai trabalhar para entregar. Construir cenários é uma atividade saudável, muito importante para a tomada de decisão, e só para isso. Não faz sentido apresentar uma variação de incertezas. Empreender não é loteria, é construção.


Quer saber mais sobre como funciona o Projeção Financeira e como acompanha os seus resultados da sua empresa? A gestão do seu negócio é importante hoje e no futuro? Vamos conhecer o seu negócio e criar um plano ação, entre em contato conosco que iremos te ajudar!

Fonte referencial: Endeavor

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